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Longines Avigation Chronograph da 1a geração

Iniciado por flávio, 20 Agosto 2021 às 11:43:38

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flávio

Post que publiquei agora no Insta, com algumas considerações, também, sobre o momento pelo qual a Longines passou nos anos 90.

Em 1975, a Longines possuía 770 funcionários, 331 em 1988 e apenas 242 em 1992. A companhia, lutando para sobreviver após a "Crise do Quartzo", precisava ser reorganizada. Seguindo o plano iniciado em 1984 por Nicolas Hayek, que já havia determinado o cancelamento de toda produção de "ébauches", resolveram encerrar as atividades de acabamento que ainda eram realizadas na fábrica. Em 1988, sob o badalar dos sinos da igreja de St. Imier, trabalhadores da Longines seguiram em procissão através das ruas da cidade carregando tochas, demonstrando sua incompreensão com os fatos....
Em 1999 havia dois brasileiros muito ativos no fórum de discussões online "Timezone": eu e um certo Mário, médico na cidade de Niterói/RJ. Em determinado momento, o tal Mário, que eu só conhecia através de postagens na rede, enviou-me uma mensagem: "há uma joalheria na cidade com um relógio em promoção, vou te passar as especificações..." E apenas com a confiança da palavra, juntei as economias de um estágio que realizara e depositei 1200 reais (cerca de 700 dólares) na conta do fulano, que imediatamente enviou-me o relógio. Tratava-se do mais novo lançamento da Longines, o "Avigation Chronograph", equipado com o movimento ETA 2894. O modelo, considerado de uma linha "especial" da Longines, representava o retorno da marca aos relógios mecânicos mais sofisticados (na mesma época foi lançada a campanha "Elegância é uma atitude"). E de fato surpreendi-me bastante ao recebê-lo, tendo-o guardado por todos estes anos: foi o primeiro relógio de luxo que comprei com o fruto do meu trabalho. O movimento ETA 2894, uma construção modular utilizada até hoje por marcas caras, como a Hublot, não é alheio às críticas: seu acionamento, apesar da roda de colunas, é abrupto e impreciso, o que certamente pode ser atribuído a sua construção tosca e totalmente mecanizada (a ETA, aliás, desaconselha revisões no módulo, que devem ser trocados a cada revisão).
Em 2010, quando visitei a Longines, a fábrica ainda estava subutilizada: eles fabricavam movimentos para a Omega. Atualmente, a marca é a maior fabricante de relógios de luxo do planeta em volume de produção. O plano de Hayek acabou dando certo....

@relogiosmecanicos



Lupferreira

Citação de: flávio online 20 Agosto 2021 às 11:43:38
Post que publiquei agora no Insta, com algumas considerações, também, sobre o momento pelo qual a Longines passou nos anos 90.

Em 1975, a Longines possuía 770 funcionários, ........

Que história incrível Flávio. E que relógio lindo. Parabéns, cuide bem dele.

flávio

Bicho, se não fosse pela ligação afetiva, já tinha me desfeito dele: esse relógio me deu trabalho demais, até processo no juizado especial cível... Hoje funciona bem, mas devo dizer que apresentou muitos problemas mecânicos, além de trapalhadas mil realizadas pelas duas autorizadas Longines aqui em revisões... Afff

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Devenalme Sousa

Vi o post lá no Instagram, Flávio. É um relógio muito bonito e, apesar dos problemas, deve ter um considerável valor sentimental pra vc.
A propósito, o que vc quer dizer com acionamento do cronógrafo "abrupto e impreciso" ?

flávio

Cara, literalmente o que eu disse: abrupto e impreciso. Ao se acionar o contador, é necessária força e o clique do botão não é, por exemplo, algo como num Ebel 137, para citar um relógio que tenho bem macio, ele simplesmente faz... Cleeeeec. É duro e barulhento. Mas não só... Invariavelmente o contador salta um pouquinho antes da contagem, o que é até comum em mecanismos de embreagem lateral, mas acentuado no 2894. Mas vou além: o curso do ponteiro no mostrador não é dos mais regulares, o que também não é incomum em embreagem lateral (já vi imagem desses patek de barão fazendo isso em imagens na Net), mas como ajusta no 2894 se a própria eta não recomenda manutenção no mecanismo? Olha, eu não quis ser tão claro no Instagram pois sequer tem espaço, mas eu acho o 2894 uma boooosta da indústria relojoeira e é inacreditável que dezenas de marcas usem o mecanismo. Eu não sei se a eta o evoluiu durante os anos, o que também é comum, mas o meu, de primeira geração, é algo bem vagabundo. E o usado pela Longines sequer é top grade, mas elabore, o balanço é de níquel... Estava dentro da faixa de preço dele, mas imaginar que o 2894 equipa até hoje chopards e até hublot é de cair o queixo.

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flávio

Ah, e só complementando, mas para confirmar só alguém da bancada mesmo: o "garfo" acima da roda de colunas na foto parece uma embreagem vertical. Ou seja, o tal módulo tem roda de colunas e embreagem vertical, mas todos os "problemas" de um came e embreagem horizontal mal feitos. Ou seja, não basta um sistema ser teoricamente bom, ele tem que ser bem feito. E o módulo 2894, até na aparência, é tosco demais. Opinião de usuário e teórico, claro. Quem sabe o Adriano não tem uma opinião diferente da minha?

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helio

#6
Há uns 3 anos eu comprei um Longines Admiral Chronograph similar ao modelo da foto içustrativa abaixo, acredito que seja um movimento parecido com o seu (o posicionamento dos subdial pare invertido), acho o relógio bem interessante e jura que não notei os mesmos problemas que voce (ufa!).
.
[]s

P.S. - Achei o seu muito bpnito, acho que voce no passado já havia discorrido sobre o embrolio que teve com a marca.

Devenalme Sousa

Pois é, tudo que vc descreveu seria aceitável num relógio "barato", mas num Hublot ou Patek é inadmissível.
Tenho um Bulova com sellita sw500 (clone do 7750) que apresenta esses mesmos problemas: durinho pra acionar e impreciso. O ponteirinho de minuto do Cronógrafo pula aos 58 segundos. Kkkkk
Além disso, o ponteiro de minuto do relógio é meio frouxo.
No mais, funciona tudo direitinho.
Eu achava que essas características eram próprias dos cronógrafos com came.

flávio

#8
Hélio, seu movimento é um eta 7750. Para ser mais específico, é um Valgranges, a platina é um pouquinho maior.

E sobre o 7750: eles não costumam apresentar esses problemas, mas quando apresentam, são de fácil solução. Vale a pena dar uma olhada.

Ah! O 7750 é meio duro também, mas não se compara ao 2894: neste o mecanismo parece que está se quebrando ao acionar o crono hahahahshshshs

Ah! Sobre cames e rodas de coluna. O que faz a diferença é o projeto do mecanismo e cuidado na sua execução. Os Lemania, entenda se, omega Speedmaster, costumam ser bem macios e precisos. Se ainda não pegou um Speedmaster em mãos, experimente... O que acho ruim no speedy é a corda: eu acho a pegada da coroa ruim...

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helio

Citação de: flávio online 20 Agosto 2021 às 16:56:52
Hélio, seu movimento é um eta 7750. Para ser mais específico, é um Valgranges, a platina é um pouquinho maior.

E sobre o 7750: eles não costumam apresentar esses problemas, mas quando apresentam, são de fácil solução. Vale a pena dar uma olhada.

Ah! O 7750 é meio duro também, mas não se compara ao 2894: neste o mecanismo parece que está se quebrando ao acionar o crono hahahahshshshs

Ah! Sobre cames e rodas de coluna. O que faz a diferença é o projeto do mecanismo e cuidado na sua execução. Os Lemania, entenda se, omega Speedmaster, costumam ser bem macios e precisos. Se ainda não pegou um Speedmaster em mãos, experimente... O que acho ruim no speedy é a corda: eu acho a pegada da coroa ruim...

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Os 861 e 1861 não possuem rodas de coluna, somente o 321. E sim relogios com rodas de coluna são mais macios, mas jura que nunca vi nada pior que os 773x ::). Inclusive tenho um Landeron 39 no relojoeiro faz anos (acho que apenas ele e o 51 de toda familia Landeron tem rodas de coluna) e eu me esqueco que a familia 775x (possuo alguns) é gigantesca (existe até cópia chinesa) e não ligo este tipo de disposição ao calibre. Mas tks.

flávio

Foi justamente o que quis ressaltar: os 861 são came e pouca diferença possuem para os de roda de coluna. Aliás... O El primeiro, e tenho um, possui roda de coluna e, conquanto preciso, não é nada macio... Mas os acionadores são pequenos... Na minha sincera opinião, a precisão e "maciez" de acionamento não são muito dependentes disso.

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Adriano

Citação de: flávio online 20 Agosto 2021 às 15:11:30
Ah, e só complementando, mas para confirmar só alguém da bancada mesmo: o "garfo" acima da roda de colunas na foto parece uma embreagem vertical. Ou seja, o tal módulo tem roda de colunas e embreagem vertical, mas todos os "problemas" de um came e embreagem horizontal mal feitos. Ou seja, não basta um sistema ser teoricamente bom, ele tem que ser bem feito. E o módulo 2894, até na aparência, é tosco demais. Opinião de usuário e teórico, claro. Quem sabe o Adriano não tem uma opinião diferente da minha?

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É que é tudo estampadão né? Tudo estampado termina com cara de tosco. Faz parte da proposta, à época... Se colocar esse fator no contexto dos anos 1990, é o que tinha.

Abs.,

Adriano


flávio

Pois é... Mas a questão sequer o ser estampado ou não, é o ser toscamente estampado hahahahah. Os Depraz também são basicamente estampados, mas chega a ser uma sacanagem colocá-los um ao lado. Eu curto os módulos Depraz, são precisos, macios e até visualmente razoáveis.

AlexandreMed

Citação de: flávio online 23 Agosto 2021 às 15:02:23
Pois é... Mas a questão sequer o ser estampado ou não, é o ser toscamente estampado hahahahah. Os Depraz também são basicamente estampados, mas chega a ser uma sacanagem colocá-los um ao lado. Eu curto os módulos Depraz, são precisos, macios e até visualmente razoáveis.
Mas os módulos ficam perto do mostrador e nunca visíveis confere Flávio?
Pra vê-los precisaria retirar o mecanismo base.. não precisam ser bem decorados .. faz sentido?


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AlexandreMed

Citação de: flávio online 20 Agosto 2021 às 23:16:48
Foi justamente o que quis ressaltar: os 861 são came e pouca diferença possuem para os de roda de coluna. Aliás... O El primeiro, e tenho um, possui roda de coluna e, conquanto preciso, não é nada macio... Mas os acionadores são pequenos... Na minha sincera opinião, a precisão e "maciez" de acionamento não são muito dependentes disso.

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Tenho um el primero tb.. e eh macio mesmo.. mas eles tb tem um detalhe: no acionamento, há um "pulo" até quase um segundo..


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flávio

Sim, todo mecanismo tradicional com embreagem lateral costuma ter isso, mesmo ser for um Patek. O que acontece é o seguinte: o mecanismo do cronógrafo fica normalmente desengatado do relógio em si, o que conta as horas. Quando você aperta o botão de acionamento do cronógrafo, uma alavanca, na qual existe uma engrenagem acoplada, é deslocada LATERALMENTE e se encaixa com uma outra engrenagem, a do relógio, que já estava girando. E aí o cronógrafo começa a funcionar... Agora imagine só... Você tem uma engrenagem, qualquer engrenagem, em qualquer aparelho mecânico, que está girando. Mas você quer transmitir o giro desta engrenagem para outra, a partir do acoplamento desta àquela que já está girando. Quando a engrenagem parada se encontra com a engrenagem girando, até mesmo porque não é possível prever se um dente da engrenagem vai encaixar certinho com a outra girando (nunca vai...), ocorre um tranco, até que as duas passam a girar em conjunto. É esse tranco que causa o saltinho. A Patek, que usava mecanismos Lemania até bem pouco tempo atrás, projetou um novo mecanismo, ainda tradicional, com embreagem lateral, e gastou a cuca para desenhar um perfil de dentes cujo encaixe entre si neste momento crítico não cause (ou minimize) este tranco. A Patek foi tradicionalista, porque visualmente falando, é mais interessante ver uma alavanca deslocando para o lado para encaixar a rodinha (coisa muito sutil, olhe aí no seu Zentih), porque se ela quisesse, tinha abandonado isso e partido para a embreagem VERTICAL. Neste sistema não ocorre tranco algum. São os sistemas usados em mecanismos mais atuais, como Omega, Piguet, Seiko, etc


Flávio