Flavio, esses comentários "super sinceros" que você faz, somada á sua expertise no assunto da Horologia, me deixam até um pouco desacreditado,,,,
Olha só, aqueles que são da velha guarda do FRM sabem que meu "desgosto" (na verdade não é desgosto, é uma total falta de interesse) em ter relógios sequer tem muito (eu disse muito...) a ver com preços, mas outros fatores. Se não se lembram, meu último relógio comprado foi um Omega Aquaterra Skyfall, há uns 7 ou 8 anos, em 10 suaves prestações de 1200 reais. Na época eu achei o relógio UM ROUBO, UM ASSALTO, e pelos mesmos 12 mil hoje acharia um roubo, um assalto (mas o relógio custa uns 40... hahahahah Só rindo...). Ou seja, se eu já estava broxado há 7 anos, e por outros motivos além de preço, imaginem hoje?
O que aconteceu foi uma soma de fatores, mas sobretudo deflagrada pela insistência das manufaturas em criar um monopólio de peças, que por vias transversas limitou nosso poder de escolha a autorizadas. A conduta das empresas é o que me deixou puto.
O outro lado foi prático: como eu tinha (e tenho) uns 20 relógios, alguns deles considerados bons, fatalmente um deles estava a todo momento com algum problema e precisando de revisão. E não sei se lembram, TODAS, vou repetir, TODAS AS REVISÕES que fiz em meus relógios, a maioria em autorizadas, me deram uma absurda dor de cabeça antes, durante e depois da execução do serviço, e olha que sequer estou colocando os astronômicos valores de se manter 20 relógio em condição de uso ao mesmo tempo na equação. Foram componentes quebrados, arranhados, enrolações do caralho, processos judiciais... AFFFFFFFFFFFFFFFF! Meu Deus, tenho calafrios só de lembrar....
Depois, veio a queda dos fóruns de discussões, como o FRM, em prol das redes sociais. E o que ocorreu? Olhem o paradoxo... Apesar de o acesso a fabricantes, pessoas reais (não avatares como aqui) terem supostamente melhorado, o nível dos "usuários" caiu ao extremo! Se as pessoas reclamavam dos babacas metidos no FRM, que nem eram tantos, imagine isso multiplicado por milhões nas redes sociais?
A relojoaria atual, na minha ótica, pode ser comparada à indústria fonográfica: não é porque o vinil e o cd foram extintos há muito em prol de uma facilidade extrema na produção de discos e sua audição através de streaming que os ouvintes se tornaram melhores (e cantores idem...). Na verdade tudo ficou tão fácil, inclusive para as empresas ganharem dinheiro com um monte de porcaria, que o nível passou a ser feito por baixo.
Mas vou além... Os fóruns de discussão, e sinceramente não sei o motivo de isso não ocorrer nas redes sociais, e não ocorre, determinavam, de uma forma "democrática", o rumo do mercado. E como a discussão era aberta, todos metiam o pau. Hoje? Ora, 99.999999% do mercado virtual é determinado por 5 blogs gringos que ou são pagos pelas empresas ou fazem parte das empresas mesmo (como o Hodinkee), e que são totalmente parciais. Eu não vejo uma crítica dos caras, falo crítica embasada mesmo, a respeito do estado de coisas (afinal, eles não tem do que reclamar: empresas os pagam, eles ficam ricos, empresas vendem mais, pagam mais para eles, todos ficam ricos...).
Eu não consigo ler UMA CRÍTICA na rede, quando muito um tapinha de luva de pelica do SJX que, até onde eu saiba, não é afiliado a ninguém, mas também não pode esculhambar geral, senão perde seu "acesso".
Encerro... É óbvio que 99.99 por cento dos consumidores não são nerds como eu que ponderam tecnicalidades ao comprar relógios. Mas olhem que curioso... Eu, que gosto de ler pra caralho sobre relojoaria, basicamente tenho que recorrer a obras que foram escritas até os anos 90! Ou seja, posta-se muita foto bonitinha no Instagram atual, paga-se de rico pra caralho, mas ler que é bom, ninguém quer... E isso explica, em parte a quantidade INACREDITÁVEL de cabeças de bagre metidos a rico e querendo ter um relógio para mostrar o tamanho do seu pau na rede. O resultado está aí: idiotas pagando milhões numa quantidade ABSURDA de porcarias em leilões.
Isso tudo me afastou do TER RELÓGIOS, não da relojoaria.
Flávio