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Como analisar um boletim de marcha?Vários questionamentos.

Iniciado por admin, 05 Fevereiro 2011 às 13:17:16

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Tapira

Luiz Gonçalves Mendes Jr.

wrocha

Se entendi o manual, o Cronoscópio capta os sinais pelo som do mecanismo?

flávio

#102
Que massa esse manual, deu até vontade de ler. Sim, tudo funciona através da detecção precisa de som. Afinal, se para o ajuste de batida é necessário saber se a distância que a âncora percorre do seu ponto médio é o mesmo para os dois lados, basta ver se... O som do impacto ocorre no mesmo tempo na "ida e na volta".

E para a marcação de tempo, basta ao aparelho "ouvir" quantas batidas estão sendo dadas por unidade de hora. Se o aparelho, por exemplo, "escuta" 28800 batidas por hora (como, por exemplo, é o padrão de um ETA 2892), quer dizer que a frequência está sendo mantida dentro do parâmetro projetado e ele está com uma marcha a 0 segundos.

Flávio

wrocha

Excelente, Flávio. Eu ficava me perguntando como "ligar" o relógio ao aparelho para emitir esses relatórios.

flávio

Resolvi desenterrar o tópico porque li agora uma Review do Blancpain Bathyscaphe Chrono, vibrando a 36 mil batimentos, que impressionou me e mostra facilmente quando um relógio está bem ajustado. Claro, tem que ter potencial para isso... Vejam só. A coluna da esquerda mostra todas as posições com corda cheia, a da direita, com o crono acionado. Vejam as diminutas variações. Isso quer dizer que o relógio tem excelente isocronismo, ou seja, mesmo com a diminuição do torque da corda e consequente alteração dos arcos do balanço causado pelo acionamento do crono, a marcação de tempo não se altera. Não bastasse os 36 mil batimentos, o balanço é free sprung e com espiral em silício. Mas não só... Vejam as absurdas variações em cada posição: não passam de 2 segundos! Pior: quase não há variação entre elas, de modo que a média diária, que é uma previsão do que se pode encontrar no pulso, não passa de 1 segundo! Fica em 0.7.  O relógio, não certificado como cronômetro, passaria com folga nos testes. Não há muito valor prático nessas análises da revista Watchtime, da qual tirei a foto, mas pelo menos nos mostram do que um bom projeto é capaz. Flávio




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CSM

Tudo isso só por módicos 17.200 dólares.... praticamente uma pechincha.....

abraços
Membro do RedBarBrazil

flávio

Citação de: cesar online 27 Setembro 2016 às 16:49:45
Tudo isso só por módicos 17.200 dólares.... praticamente uma pechincha.....

abraços


César, saindo um pouco fora do tópico, mas te respondendo, essa versão testada é em cerâmica, a em aço, conforme a foto, custa 14 mil. E pelo que pude notar na review, a rodagem do movimento é polida a mão, naquele formato de roda de Lamborguini (que diga-se, não gosto, mas é um "plus") e o movimento decorado até mesmo nas partes não visíveis, também de forma manual. O rotor, ainda, é em ouro negro 22 quilates. Se você olhar que um Daytona também em aço custa 13500... Ou seja, caro é, mas não está fora do preço "razoável" de mercado, se é que isso existe.

Flávio

Adriano

Esse tipo de resultado de marcha é comum - muito comum -nos Omega 8500.

Abraços!

Adriano

flávio

Lia hoje uma análise do Yatchmaster, e valem as considerações feitas a respeito da Blancpain. A Rolex, como já ressaltei antes, deu um salto à frente das demais empresas do passado quando abandonou o marketing voltado para o produto em prol de algo direcionado às pessoas que os usavam. Isso começou com a fulana que atravessou o canal da mancha usando um Rolex, seguindo a presidentes e desportistas. Hoje esse tipo de publicidade é comum, mas na época mostrou se inovador. Mas de nada adiantaria fazer propaganda se o produto nao fosse bom, e os Rolex sempre foram. Na época áurea da cronometria, Rolex, Omega e Zenith brigavam lado a lado nas competições de observatório... Portanto, os números do teste desse Rolex não são surpreendentes, o produto é bom, muito bom. Lembrem se que enquanto o cosc exige variações de - 4 a + 6 de marcha, a Rolex não se contenta com menos do que -2 a +2. Esse tipo de performance advém de uma abordagem tradicional no escapamento, que ainda usa espiral de breguet, e sacadas modernas em metalurgia, como uso de molas que pouco variam se submetidas a temperaturas e torques diversos. Sem inventar moda e sem mudar o projeto tradicional de seus movimentos... Vejam:




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antoniomvm

Boa noite, resolvi desenterrar esse tópico para mostrar o relatório do Oris BC4 Der Meisterflieger com Eta 2836 modificado que comprei há 1 mês e que após 8 anos na loja estava adiantando 20s/d.

Mandei para assistencia Auto Quartzo em Lisboa na garantia.

Como sou leigo, o que dizem desses números?

AlexandreMed

A amplitude tá ótima e a marcha tb.. apenas a variação entre 3 e 9h chegou quase em 10 segundos, ruim.. .. mas a média foi de 1segundo, pelo q percebo tudo ótimo pra o calibre em questão..

antoniomvm

Citação de: dr.alexneuro online 04 Agosto 2019 às 08:29:34
A amplitude tá ótima e a marcha tb.. apenas a variação entre 3 e 9h chegou quase em 10 segundos, ruim.. .. mas a média foi de 1segundo, pelo q percebo tudo ótimo pra o calibre em questão..
Obrigado pela resposta.

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flávio

Citação de: antoniomvm online 02 Agosto 2019 às 18:02:03
Boa noite, resolvi desenterrar esse tópico para mostrar o relatório do Oris BC4 Der Meisterflieger com Eta 2836 modificado que comprei há 1 mês e que após 8 anos na loja estava adiantando 20s/d.

Mandei para assistencia Auto Quartzo em Lisboa na garantia.

Como sou leigo, o que dizem desses números?



Rápidos comentários sobre esses números. Os dois primeiros da coluna à esquerda indicam mostrador para cima, mostrador para baixo e, teoricamente, num relógio perfeito, ambas amplitudes (números à direita), deveriam ser idênticos, porque não há diferença entre um relógio ser colocado nessas posições, no que diz respeito aos centros de gravidade do balanço. No seu, as amplitudes estão praticamente idênticas, mas há uma pequena variação de marcha, pois com mostrador para cima o relógio ganha 2.3 segundos, para baixo, perde 0.5. Eu sinceramente não sei o que é aceitável numa autorizada, mas para mim está bom. O que altera isso Flávio? Em regra, lubrificação: se a contra pedra superior está com lubrificação ligeiramente diferente da inferior, ocorre alteração.

Ah! A posição mais importante de um relógio ajustado é... Mostrador para cima, porque normalmente as pessoas deixam seus relógios na mesa, criado mudo, etc, nessa posição. Ou seja, por pelo menos um terço do dia, ele acumulará erros desta posição. Há, porém, os diferentes: eu, por exemplo, deixo meus relógios em mesas na posição coroa às 12 horas...

Na segunda posição mais importante, se você é destro, coroa às seis, seu relógio está ganhando um teco, 0.3 segundos. Como assim, destro, posição mais importante? A segunda posição na qual você mais usa seu relógio, se destro, é com o braço abaixado, coroa às 6... Só olhando esse boletim, se você é destro e "normal" ao colocar seu relógio no criado, eu chutaria que ele adianta no seu pulso durante o dia, e não muito, talvez no máximo uns 3 segundos.

A terceira posição mais importante é coroa às 9, porque se você é destro, é a posição que seu braço fica, se apoiado numa mesa ou mesmo cruzado. O seu relógio adianta nessa posição.

O X abaixo é a variação prevista média, o que se obtém somando-se todos os atrasos e adiantamentos em todas as posições, no seu caso, em torno de um segundo. Ou seja, teoricamente, seria o que seu relógio deveria mostrar de acordo com seu uso e seus hábitos, eis que todas as posições foram ajustadas para se compensarem. Mas, como ressaltei acima, isso não é sempre uma verdade...

E abaixo, letra D, o Delta, ou seja, a diferença entre o maior adiantamento e o maior atraso. Em regra, quanto mais "estreita" essa margem, mais previsível e estável é o relógio. Eu também não sei qual é o Delta aceitável numa autorizada, talvez o Adriano responda. Para mim, está razoável. Seu relógio tomaria bomba no COSC, mas para mim está razoável.

Ah! A coluna toda à direita são as amplitudes em cada posição. Em regra, a maior amplitude se obtém nas posições horizontais, porque nessas posições, apenas a ponta do pivô do balanço se atrita com a contra pedra. Nas verticais, além desse ponto de atrito, há aquele da relativa posição. Portanto, nas posições verticais, o relógio tem menos amplitude e, normalmente, ADIANTA, porque se há menos atrito, os arcos do balanço se completam em menos tempo e, então o relógio "anda mais  rápido". O desafio do ajustador é compensar isso. Finalmente, num relógio recém revisado e com escapamento de âncora normal (no coaxial a conversa é outra...), uma amplitude razoável de relógio recém revisado varia de 290 a 320 graus, o seu está ok. A partir de 220 graus, um relógio está começando, senão já "arregado" e precisando de revisão. Como já disse aqui outras vezes, o parâmetro mais rápido, se é para usar só um, da necessidade de revisão de um relógio, é a amplitude baixa. Por que a amplitude fica baixa? Porque os lubrificantes começam a secar e gerar mais atrito...


Flávio

Adriano

Citação de: dr.alexneuro online 04 Agosto 2019 às 08:29:34
A amplitude tá ótima e a marcha tb.. apenas a variação entre 3 e 9h chegou quase em 10 segundos, ruim.. .. mas a média foi de 1segundo, pelo q percebo tudo ótimo pra o calibre em questão..

Na verdade, 10s (9,9, para ser exato) de "delta" é EXCELENTE para um mecanismo desse. Aliás, menos de 10s de delta é ótimo para qualquer mecanismo.

Vide abaixo meus comentários para terem uma idéia do que são deltas aceitáveis para o padrão das marcas.

Abs.,

Adriano

Adriano

Citação de: flávio online 07 Agosto 2019 às 15:25:46

...

No seu, as amplitudes estão praticamente idênticas, mas há uma pequena variação de marcha, pois com mostrador para cima o relógio ganha 2.3 segundos, para baixo, perde 0.5. Eu sinceramente não sei o que é aceitável numa autorizada, mas para mim está bom. O que altera isso Flávio? Em regra, lubrificação: se a contra pedra superior está com lubrificação ligeiramente diferente da inferior, ocorre alteração.

...


Amplitude coincidente entre mostrador para cima e para baixo só ocorre na base da sorte. São muitos os fatores que influenciam e na verdade para a lubrificação da contra--pedra fazer diferença aí, ela precisa estar MUITO diferente (leia-se, errada) para realmente influenciar. Quando o relógio muda de posição, especialmente entre mostrador para cima e para baixo, todo o trem de rodagem se apoia em lados opostos. Ou seja, todo o trem, do tambor ao balanço, está sujeito a diferenças de atrito se apoiado de um lado ou de outro (nesses casos, apoiados sobre os ombros dos eixos, ao invés da ponta do pivô, como no caso do balanço). O próprio alinhamento entre a roda de escape a âncora muda, então são muitas "magias negras" que pesam aí.

E mais: mesmo quando a amplitude coincide, as marchas não coincidem, pois a espiral se deforma. A espiral "entorta" de maneiras diferentes entre uma posição horizontal e outra, e a marcha muda. Já vi várias vezes as amplitudes coincidirem, por sorte, mas as marchas não.



Citação de: flávio online 07 Agosto 2019 às 15:25:46

...

E abaixo, letra D, o Delta, ou seja, a diferença entre o maior adiantamento e o maior atraso. Em regra, quanto mais "estreita" essa margem, mais previsível e estável é o relógio. Eu também não sei qual é o Delta aceitável numa autorizada, talvez o Adriano responda. Para mim, está razoável. Seu relógio tomaria bomba no COSC, mas para mim está razoável.

...

Flávio

Complementando o que comentei na postagem anterior, menos de 10s de delta para qualquer calibre é ótimo. Não me lembro de cabeça de o Oris em questão usa 2836 Top para cima ou Elaboré. Mas tenho quase certeza que é Elaboré, e o padrão para elas é até 30s de delta às 0h ("zero hora", ou seja, corda cheia) e até 40s após 24h.

O de um Audemars Piguet 3120 é 20s, seja em 0h ou 24h.

Um dos calibre mais precisos com os quais lido são os Omega de manufatura. São normalmente uns monstros de estabilidade de marcha. O limite deles é 12s em 0h ou 15s em 24h. E na verdade esses sim, é comum sair com delta abaixo de 10s.

Aliás é raríssimo tabelas que estabeleçam limite de delta inferior a 15s, mesmo sendo COSC. Tirando esses Omega, preciso me esforçar para lembrar de algum.

Como curiosidade: visto que mecanismos com reserva de marcha mais longas estão cada vez mais comuns, alguns fabricantes começaram a estipular teste de delta com 48h.

Abs.,

Adriano

antoniomvm

Citação de: Adriano online 07 Agosto 2019 às 17:37:48
Amplitude coincidente entre mostrador para cima e para baixo só ocorre na base da sorte. São muitos os fatores que influenciam e na verdade para a lubrificação da contra--pedra fazer diferença aí, ela precisa estar MUITO diferente (leia-se, errada) para realmente influenciar. Quando o relógio muda de posição, especialmente entre mostrador para cima e para baixo, todo o trem de rodagem se apoia em lados opostos. Ou seja, todo o trem, do tambor ao balanço, está sujeito a diferenças de atrito se apoiado de um lado ou de outro (nesses casos, apoiados sobre os ombros dos eixos, ao invés da ponta do pivô, como no caso do balanço). O próprio alinhamento entre a roda de escape a âncora muda, então são muitas "magias negras" que pesam aí.

E mais: mesmo quando a amplitude coincide, as marchas não coincidem, pois a espiral se deforma. A espiral "entorta" de maneiras diferentes entre uma posição horizontal e outra, e a marcha muda. Já vi várias vezes as amplitudes coincidirem, por sorte, mas as marchas não.



Complementando o que comentei na postagem anterior, menos de 10s de delta para qualquer calibre é ótimo. Não me lembro de cabeça de o Oris em questão usa 2836 Top para cima ou Elaboré. Mas tenho quase certeza que é Elaboré, e o padrão para elas é até 30s de delta às 0h ("zero hora", ou seja, corda cheia) e até 40s após 24h.

O de um Audemars Piguet 3120 é 20s, seja em 0h ou 24h.

Um dos calibre mais precisos com os quais lido são os Omega de manufatura. São normalmente uns monstros de estabilidade de marcha. O limite deles é 12s em 0h ou 15s em 24h. E na verdade esses sim, é comum sair com delta abaixo de 10s.

Aliás é raríssimo tabelas que estabeleçam limite de delta inferior a 15s, mesmo sendo COSC. Tirando esses Omega, preciso me esforçar para lembrar de algum.

Como curiosidade: visto que mecanismos com reserva de marcha mais longas estão cada vez mais comuns, alguns fabricantes começaram a estipular teste de delta com 48h.

Abs.,

Adriano
Obrigado Adriano. Como sempre uma aula de relojoaria.

Abraços

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antoniomvm

Citação de: flávio online 07 Agosto 2019 às 15:25:46


Rápidos comentários sobre esses números. Os dois primeiros da coluna à esquerda indicam mostrador para cima, mostrador para baixo e, teoricamente, num relógio perfeito, ambas amplitudes (números à direita), deveriam ser idênticos, porque não há diferença entre um relógio ser colocado nessas posições, no que diz respeito aos centros de gravidade do balanço. No seu, as amplitudes estão praticamente idênticas, mas há uma pequena variação de marcha, pois com mostrador para cima o relógio ganha 2.3 segundos, para baixo, perde 0.5. Eu sinceramente não sei o que é aceitável numa autorizada, mas para mim está bom. O que altera isso Flávio? Em regra, lubrificação: se a contra pedra superior está com lubrificação ligeiramente diferente da inferior, ocorre alteração.

Ah! A posição mais importante de um relógio ajustado é... Mostrador para cima, porque normalmente as pessoas deixam seus relógios na mesa, criado mudo, etc, nessa posição. Ou seja, por pelo menos um terço do dia, ele acumulará erros desta posição. Há, porém, os diferentes: eu, por exemplo, deixo meus relógios em mesas na posição coroa às 12 horas...

Na segunda posição mais importante, se você é destro, coroa às seis, seu relógio está ganhando um teco, 0.3 segundos. Como assim, destro, posição mais importante? A segunda posição na qual você mais usa seu relógio, se destro, é com o braço abaixado, coroa às 6... Só olhando esse boletim, se você é destro e "normal" ao colocar seu relógio no criado, eu chutaria que ele adianta no seu pulso durante o dia, e não muito, talvez no máximo uns 3 segundos.

A terceira posição mais importante é coroa às 9, porque se você é destro, é a posição que seu braço fica, se apoiado numa mesa ou mesmo cruzado. O seu relógio adianta nessa posição.

O X abaixo é a variação prevista média, o que se obtém somando-se todos os atrasos e adiantamentos em todas as posições, no seu caso, em torno de um segundo. Ou seja, teoricamente, seria o que seu relógio deveria mostrar de acordo com seu uso e seus hábitos, eis que todas as posições foram ajustadas para se compensarem. Mas, como ressaltei acima, isso não é sempre uma verdade...

E abaixo, letra D, o Delta, ou seja, a diferença entre o maior adiantamento e o maior atraso. Em regra, quanto mais "estreita" essa margem, mais previsível e estável é o relógio. Eu também não sei qual é o Delta aceitável numa autorizada, talvez o Adriano responda. Para mim, está razoável. Seu relógio tomaria bomba no COSC, mas para mim está razoável.

Ah! A coluna toda à direita são as amplitudes em cada posição. Em regra, a maior amplitude se obtém nas posições horizontais, porque nessas posições, apenas a ponta do pivô do balanço se atrita com a contra pedra. Nas verticais, além desse ponto de atrito, há aquele da relativa posição. Portanto, nas posições verticais, o relógio tem menos amplitude e, normalmente, ADIANTA, porque se há menos atrito, os arcos do balanço se completam em menos tempo e, então o relógio "anda mais  rápido". O desafio do ajustador é compensar isso. Finalmente, num relógio recém revisado e com escapamento de âncora normal (no coaxial a conversa é outra...), uma amplitude razoável de relógio recém revisado varia de 290 a 320 graus, o seu está ok. A partir de 220 graus, um relógio está começando, senão já "arregado" e precisando de revisão. Como já disse aqui outras vezes, o parâmetro mais rápido, se é para usar só um, da necessidade de revisão de um relógio, é a amplitude baixa. Por que a amplitude fica baixa? Porque os lubrificantes começam a secar e gerar mais atrito...


Flávio
Obrigado Flávio. Muito esclarecedor seus ensinamentos.

Abraços

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flávio

Ah, e que fique claro acima, pois do modo que escrevi, pode gerar confusão. Quando me referi ao destro, quis ressaltar que esse usa o relógio normalmente no pulso esquerdo.

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ejr888

Eu tenho nojinho do acabamento Oris
mas vendo esse boletim aí estou querendo um.

>:( :P

flávio

Saiu mais uma review de um relógio certificado como cronômetro na Watchtime, no caso um Breitling bem bonito, diga-se de passagem e... Eis como um boletim de marcha de algo certificado como cronômetro se mostra (ao final da reportagem). Explicando os números, a coluna da esquerda indica variações de marcha com corda cheia, as da direita, com corda baixa, após 24 horas. Isocronismo é a capacidade, ou possibilidade, eu diria melhor, de um órgão oscilador apresentar os mesmos períodos independentemente do arco que estão percorrendo. E digo isso porque à medida que o torque cai, a tendência é o arco do balanço diminuir e, portanto, este percorrer distâncias mais rapidamente: o relógio adianta. Fazer com que as variações sejam mínimas seja com torque alto ou baixo é uma das coisas mais difíceis em relógio: questão de projeto.


O artigo aqui

https://www.watchtime.com/reviews/time-out-reviewing-the-breitling-premier-b01-chronograph-42/

On the wrist +2.25
Dial up +1.7 / +1.7
Dial down +2.0 / +2.4
Crown up +2.6 / +0.8
Crown down +3.3 / +5.1
Crown left +0.8 / +2.4
Greatest deviation 2.5 / 4.3
Average deviation +2.1 / +2.5
Average amplitude:
Flat positions 311° / 284°
Hanging positions 277° / 251°


E os dados analisados. Notem que o "on the wrist" é quanto o relógio faz no pulso, no caso adianta 2.25 segundos. O que isso prova? Nada, porque esse dado sozinho, como reiteradamente ressaltei acima em outras respostas, pode ocorrer por pura sorte. Um relógio que ganha 40 segundos no uso diário e, depois, colocado num criado mudo à noite e perde 38, apresentado marcha de 2 segundos por dia no pulso seguramente não é algo "preciso"... Mas no caso do tal Breitling, nada acontece por acaso. Vejam só, no greatest deviation, que independentemente da posição na qual o relógio esteja, a variação entre a posição na qual ele mais atrasa e menos atrasa não passa de 2.5 segundos. Mas não só: a média de variações, ou seja, a soma dos atrasos e adiantamentos não passa de 2.1 segundos, o que QUASE BATE com a variação constatada no uso no pulso. Ou seja, nada aí acontece por acaso... E essa a vantagem do relógio bem ajustado, independentemente do usuário, ele apresentará um comportamento previsível, nada por "sorte". Mas não só: percebam que a variação máxima de amplitude (lembrem-se do isocronismo que citei antes...) gira em torno de 20 graus. OU seja, o relógio, tanto com a corda cheia quanto vazia, pouco varia o arco de oscilação do giro do balanço.

Esse Breitling aí está ajustado como um cronômetro "de manual".


Flávio