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Preço de revisão - Omega Reduced

Iniciado por Rafael_DF, 28 Janeiro 2014 às 23:37:23

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igorschutz

Alberto,

Há poucos dias conversei sobre isso com meu irmão e dei o mesmo exemplo.

Legalmente, numa autorizada, se esta sofresse um roubo, eu, como dono do relógio, poderia responsabilizar solidariamente a empresa fabricante e, se mandei o relógio por meio do AD, como é exigido no caso da Breitling, esta também se responsabilizaria.

Já num independente, se este não tiver seguro (que custa caro, imagino), como faz?

E acreditem, roubos, furtos e sumiços acontecem... :-X
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

flávio

Adriano e demais


Não citei apenas a hora trabalhada de um relojoeiro que, creia, se estivesse absolutamente restrita a estes valores, simplesmente seria mais caro do que a MINHA hora trabalhada que, na estrutura de carreiras de estado do Brasil, é a mais cara paga a um profissional. Como disse, ninguém nega os custos de "giro" de um negócio.

Minha birra, também ressaltado pelo Lago acima, é a clara formação de um "cartel" de revisões pelas autorizadas.

E se houvesse lógica em preços de revisões cobrados por autorizadas... Fiquemos com o exemplo do Super Ocean acima. Meu irmão possui um. Eu não sei o que aconteceu com o do colega, mas cristais de safira não precisam ser trocados em revisões pelo amor de Deus, a não ser que tenham trincado, quebrado, etc!

E falando especificamente sobre o Super Ocean, o relógio usa um ETA 2824 tabajara de dar dó, igual ao que, por exemplo, equipa meu Longines LD. Mas creiam: a revisão de um Longines custa uns 500 reais!

Se você não tem opção - e não tem mesmo, porque de nada adianta procurar um independente que, POR CAUSA DE UMA POLÍTICA DAS FÁBRICAS, NÃO TEM ACESSO A PEÇAS - , sobram as autorizadas. Sobrando as autorizadas, que não competem entre si, pois cada fábrica tem a sua de forma exclusiva, o preço colocado é qualquer um que quiserem!

Aliás, ao contrário do que o povo daqui imagina, inclusive o Estrela, que é meu amigo fora do fórum, eu também gosto de carros de patrão. Pior: teria dinheiro para comprar não BMWs de entrada, mas "saída". O problema é que quando você adquire um carro gringo no Brasil de determinadas marcas, fica refém da autorizada (ou do número restrito delas, para citar a BMW, em Brasília só há duas) e dos preços que eles estão a fim de cobrar! Não há mundo melhor para o empresário do que o monopólio. E eu ficaria PUTO DA CARA quando um carro desses quebrasse e eu não pudesse levar no meu "mecânico" de confiança, pelo não acesso proposital a peças, etc. Prefiro usar carros nacionais. E nacionais tabajara, seguindo o exemplo do Adriano.

Nos relógios, fiz uma opção, porque adoro o tema e, convenhamos, não é sempre que um relógio precisa de revisão. No caso do uso não contínuo que faço, meus relógios giram 10 anos fácil sem precisar de uma. Bem... Há algumas exceções, como o Longines que, diga-se, foi revisado não na autorizada Longines, mas em autorizada multimarcas melhor do que a própria e não funciona NEM A PORRETE, desde quando voltou.

Resumindo. Como disse no meu post inicial, é muito difícil criticar preços cobrados por algum profissional. O profissional, como é óbvio, tem direito de cobrar o que quiser e cada consumidor pagará se quiser. O problema de toda equação no Brasil atual é o "se quiser"... Não há escolha para o consumidor, considerando que o independente não tem acesso a peças.... Pior: entre as próprias autorizadas, ainda que revisando relógios de semelhante complexidade, há uma disparidade de preços absurda, o que me leva a imaginar que as definições de preços não seguem um padrão apenas de "custo de giro do negócio + margem de lucro razoável", mas outros fatores...

Esse o problema.


Flávio

TUZ40

Perfeita a colocação do Flavio. O peso da marca certamente é maior do que quaisquer outros custos envolvidos.
"All your base are belong to us"

Alberto Ferreira

Citação de: igorschutz online 29 Janeiro 2014 às 10:26:44


Já num independente, se este não tiver seguro (que custa caro, imagino), como faz?

E acreditem, roubos, furtos e sumiços acontecem... :-X


Certamente!
Acontecem.  :(

Seguro?
Eu já coloquei a pergunta diretamente para um independente.
A resposta foi algo mais ou menos assim...
"Não. Não dá pra arcar com (os custos - grifo meu...) um seguro, é muito "complicado".  Eu coloco em um cofre."

Então,...
Voltamos à preocupação inicial.
::)

Alberto


flávio

Citação de: Alberto Ferreira online 29 Janeiro 2014 às 10:33:38
Citação de: igorschutz online 29 Janeiro 2014 às 10:26:44


Já num independente, se este não tiver seguro (que custa caro, imagino), como faz?

E acreditem, roubos, furtos e sumiços acontecem... :-X


Certamente!
Acontecem.  :(

Seguro?
Eu já coloquei a pergunta diretamente para um independente.
A resposta foi algo mais ou menos assim...
"Não. Não dá pra arcar com (os custos - grifo meu...) um seguro, é muito "complicado".  Eu coloco em um cofre."

Então,...
Voltamos à preocupação inicial.
::)

Alberto




Todas as últimas revisões que fiz foram em autorizadas e, além da expertise dos profissionais, algo em falta no Brasil, que não tem escolas sobre o tema, o que me levou a mandar os relógios para lá foi esse pensamento. Isso é um fato. Dentro dos custos do negócio, é claro que isso é levado em conta pela autorizada. Imagine uma pinça se deslocando num rotor em ouro de um Blancpain e este tendo que ser trocado pela bagatela de, sei lá, 10 mil reais?

Tenho histórias aqui do arco da velha de relógios sendo enviados para relojoeiros considerados bons e voltando com algum erro "shit happens" que ficou por isso mesmo, porque o cara não tinha dinheiro ou mesmo acesso à peça.

Para citar um exemplo, de novo o Longines. Sempre ele... Durante a revisão o relojoeiro vacilou e o aro interno foi arranhado. Eles - e não eu, por óbvio -, ficaram no prejuízo. E com certeza isso está computado nos custos de giro do negócio.

Não nego nada disso, já conversei com o Adriano inclusive pessoalmente sobre o tema, etc. Volto a repetir. Minha birra é que para o consumidor que tem vários relógios como nós e que, às vezes, temos que levá-los a várias autorizadas, parece não haver uma lógica nos preços. A autorizada de marca x cobra às vezes menos ou mais para fazer revisões em relógios y. Não precisa ir longe... Às vezes a autorizada x também faz revisões em marca y, que tem autorizada, simplesmente porque os relógios são simples e com peças de reposição fáceis de se encontrar. Aí você compara os preços e nota que há diferenças brutais. Imaginem, então, que existissem não 2 autorizadas, mas 200? Os preços, tenham certeza, seriam bastante diferentes entre si e permitiriam escolha por parte do consumidor.


Flávio

Adriano

Eu nunca vou negar que manutenção de relógio suíço (que em sua maioria pode ser considerado um item de luxo) é cara. O que me incomoda - e não estou dizendo que é o caso desse tópico - estando do outro lado do balcão são as constantes insinuações de que a assistência "rouba" o cliente, como se a revisão custasse na realidade R$ 50,00 para a assistência cobra R$ 2.000,00 só para ficar deliberadamente milionária, e desse lucros astronômicos.

Vou dar um exemplinho básico: pega um Seamaster Chrono Diver, o famoso James Bond Crono, em aço. A Omega adotou a política internacional no Brasil de praticar o preço da revisão fechado com peças básicas inclusas, tipo juntas, coroa, pulsador, se forem de aço, e ponteiros de não forem especiais ou de metal precioso, e também com acrílico ou vidros minerais simples inclusos também. Peças simples de mecanismo, de desgaste natural, inclusas também. O preço da revisão dele inclui junta de vidro, junta de fundo, coroa, válvula de hélio, dois pulsadores, jogo completo de ponteiros, corda, e se necessário, roda inversora e outras pequenas peças de mecanismo. Essas peças custam uma grana, principalmente a válvula, os pulsadores e o jogo de ponteiros.

Outra coisa: uma coisa é o ponto de vista de um colecionador, que compra muitos relógios usados, já desvalorizados. Exemplo do Reduced. Você compra por aí por algo como metade do que custava quando novo (perto de quando saiu de linha a versão com acrílico). O preço da revisão é o mesmo, seja um Reduced de 5 anos de idade ou um de 20. O colecionador, repito, é 1% ou menos dos consumidores das marcas. O consumidor médio é aquele compra zero, usa o relógio até virar um bagaço, leva na autorizada, paga caro, mas recebe o relógio novo, denovo, como se tivesse saído da loja. Nessa altura do campeonato, o valor que ele pagou no relógio já foi diluído faz tempo, ele nem lembra mais. Na cabeça desse consumidor, esse é um ótimo negócio.

Vejo isso muito acontecer com os Moon: o consumidor tem o Moon dele desde a década de 1970, ou 80, ou 90, que seja, usou até não dar mais, e de repente paga lá uns R$ 2.000,00 e recebe o Moon dele novinho novinho: o cara fica feliz da vida pois de repente tem de volta, praticamente novo, um relógio que estava esquecido, parado há alguns anos. E por uma fração do que custaria um Moon novo na loja.

E perco a conta de quantos 30T2 que não valem R$ 300,00 são restaurados na autorizada por valores que chegam a 10x isso, e denovo, saem felizes da vida porque restauraram perfeitamente um objeto da família, uma herança, algo assim. As pessoas acham que isso realmente vale a pena. O consumidor médio pensa assim.

Agora, para o colecionador, ir no MASP, comprar um 30T2 por 300 reais e levar na autorizada e restaurar por 2k, óbvio que, na maioria da cabeça dos colecionadores, é incongruente. Agora, basta não fazê-lo, existem zilhões de opções por aí, vai ter quem revise o 30T2 por R$ 50,00. Não adianta esperar que a autorizada revise o 30T2 pelos mesmos R$ 50,00 só porque você pagou R$ 300,00 nele. Aí é a mesma coisa que o Reduced: a autorizada não pode revisar ele no padrão da marca por R$ 300,00 só porque ele custou R$ 2.500,00. Em outras palavras, esse valor não faz diferença. Não há como.

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: flavio online 29 Janeiro 2014 às 10:27:05

...
E falando especificamente sobre o Super Ocean, o relógio usa um ETA 2824 tabajara de dar dó, igual ao que, por exemplo, equipa meu Longines LD. Mas creiam: a revisão de um Longines custa uns 500 reais!
...

Flávio

Patrão, nem tanto: é 2824-2 sim, mas uma é elaboré e outra é top com certificado. Além disso, o preço da revisão não é só limpar e lubrificar a máquina, é trocar juntas, trocar peças aqui e ali. As peças de uma marca podem ser mais baratas que de outras.

Por exemplo, não se compara o preço do jogo de ponteiros de um Tissot simples, que é feito na Ásia, com os ponteiros de um Omega, feitos pela Universo, na Suíça. Por isso não dá para comparar o preço de revisão de um Tissot PRS 516 com Valjoux 7750 com o preço da revisão de um Omega Speedmaster Date só porque ambos são "a mesma máquina". Não são, e não é só isso que conta.

Abraços!

Adriano

igorschutz

Citação de: Adriano online 29 Janeiro 2014 às 10:46:49
E perco a conta de quantos 30T2 que não valem R$ 300,00 são restaurados na autorizada por valores que chegam a 10x isso, e denovo, saem felizes da vida porque restauraram perfeitamente um objeto da família, uma herança, algo assim. As pessoas acham que isso realmente vale a pena. O consumidor médio pensa assim.

Mandei um brother "para" o Adriano num caso exatamente desse. O cara tinha um 30T2 que estava desde novo na família, o relógio paradão, ainda que não arregaçado, e gastou mais na revisão do que vale o relógio.
O cara ficou supersatisfeito com o serviço, pois o relógio voltou novo, e agora ele o utiliza sempre que vai em compromissos importantes e/ou que exijam um traje social.

Isso já deve fazer uns dois anos, e o cara até hoje sempre elogia e agradece a indicação.
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

flávio

Adriano, com o devido respeito, não acho que ninguém tenha feito tais insinuações. Como disse, não é tão simples equacionar os custos de giro de negócio de uma forma tão simples. Tomemos como exemplo vocês, que possuem três lojas no Brasil. Certamente o aluguel (se as lojas não são próprias) não é o mesmo no Rio, Sampa e Curitiba.

Volto a dizer, minha birra não é essa e, se me permite, vou citar a Watchtime, onde é gerente. O pool de marcas com as quais a WT trabalha é maior do que, por exemplo, a da Rolex. Pior... Presumo que existam relojoeiros na WT mais competentes do que os da Rolex, que estão acostumados a apenas revisar aqueles movimentos carne de vaca da Rolex (aliás, deve ser um porre revisar o mesmo movimento por anos a fio!  :P). Na WT vocês estão preparados para revisar inclusive movimentos complexos de marcas de "alta relojoaria".

Eu tenho certeza ABSOLUTA que o preço da revisão de um Rolex Submariner na autorizada Rolex deve custar pelo menos o dobro! Por quê? Porque cada loja tem seu custo de giro, a sua escolha de margem de lucros, etc.

Eu gostaria, pois, de ver competição neste mercado, e não há. Sim, há quando você tem possibilidade de escolha. Eu, por exemplo, não mandaria meu Rolex teoricamente sem necessidade de troca de peça alguma, para uma revisão básica, para a autorizada, mandaria revisar com vocês, até mesmo porque os conheço. Mas veja: se precisasse de troca de peças, nem vocês serviriam, não por falta de expertise, mas imposição da fábrica, que não lhes venderiam peças!

E esse negócio de revisão com preço fechado é o maior absurdo, na minha ótica, que uma fábrica pode ter criado. Imaginemos o exemplo que citou, um PO. Vai que abrem o relógio, super bem cuidado toda vida, e notam que ele está absolutamente perfeito, tudo perfeito, tudo mesmo. Trocam-se as juntas por obrigação e... Trocam-se as rodas reversoras, válvula de hélio, etc, sem precisar, só porque a fábrica disse que tem que trocar? Não faz o mínimo sentido isso. Por isso os preços ficam caros.


Flávio

Ps: o relógio do meu pai, um 30 T2, foi revisado aí e, com certeza, custaria mais barato comprar um em melhor estado do que o preço pago na revisão. Mas meu pai quis, pois era o relógio do pai dele, meu avô. Também como disse acima, eu costumo pagar o preço porque não gosto de ver relógios parados na gaveta, mas há pessoas que ponderam isso e não usam mais o relógio. Tenho colegas com Omegas (Dynamic, 300m, etc), nessa situação: simplesmente transformaram os relógios em algo "descartável" porque o preço da revisão aproxima-se, e muito, do valor atual do relógio.

Adriano

Outra coisa, o problema não é só a segurança. A autorizada trabalha dentro do padrão que pede o CDC: ordem de serviço, orçamento prévio... Muito relojoeiro na rua não tem nada disso, o orçamento é no "gogó", não tem papel nenhum.

Já fiz muita revisão na rua que começou com o preço "X", depois no meio da revisão apareceu mais uma pecinha, depois outra, depois outra, e na hora de pagar, o preço foi "2X". E o ponto onde quero chegar: acidentes acontecem. Tem vidro de safira que depois de passar 30 anos grudado naquela junta ressecada, quebra na hora de desmontar. E custa lá uns R$ 900,00. E aí, se isso acontece com o cara na rua, como fica? Aposto que ou ele adapta um mineral safado e não te fala nada, ou ele liga para você dizendo que aconteceu um acidente e que o vidro vai custar R$ 900,00. Pois ele não pode assumir esse prejú, já que te cobrou R$ 200,00 pela revisão. Como fica?

Se isso acontece na autorizada, e acontece, se não houver alteração no prazo, o consumidor nem fica sabendo: é colocado uma peça nova original e fim de papo. Prejú para a empresa. Mas depois que o orçamento foi passado formalmente, por escrito, acabou, é aquilo e ponto final.

É recorrente relógio chegar na autorizada com um dano causado pelo relojoeiro do cliente, e ser um dano custoso demais para o relojoeiro assumir, ou tecnicamente impossível, porque não consegue as peças. Já recebi Reduced com a mola stop grudada na tampa do fundo comum durex, porque o relojoeiro não sabia o que era aquela peça e para que servia, e como o relógio "funcionou" sem ela, ficou tudo certo. Já recebi Omega Constallation quartz, feminino, com Miyota dentro. Já recebi Aquaterra calibre 2500 co-axial faltando a roda de escape. Tudo isso foi provocado por um relojoeiro e quem assumiu a bronca no fim das contas foi o consumidor.

Abraços!

Adriano

Betocd

Citação de: Adriano online 29 Janeiro 2014 às 10:46:49


Vou dar um exemplinho básico: pega um Seamaster Chrono Diver, o famoso James Bond Crono, em aço. A Omega adotou a política internacional no Brasil de praticar o preço da revisão fechado com peças básicas inclusas, tipo juntas, coroa, pulsador, se forem de aço, e ponteiros de não forem especiais ou de metal precioso, e também com acrílico ou vidros minerais simples inclusos também. Peças simples de mecanismo, de desgaste natural, inclusas também. O preço da revisão dele inclui junta de vidro, junta de fundo, coroa, válvula de hélio, dois pulsadores, jogo completo de ponteiros, corda, e se necessário, roda inversora e outras pequenas peças de mecanismo. Essas peças custam uma grana, principalmente a válvula, os pulsadores e o jogo de ponteiros.

Abraços!

Adriano

Adriano,
Uma dúvida: e se não houver a necessidade da troca de todas essas peças.... Supondo que nem metade delas precise ser trocada. Ou ainda que eu nào queria trocar os ponteiros, por exemplo. Não altera o valor? Eu teria de pagar pelo pacote completo de serviços/peças?

Caso seja isso mesmo, não fica caracterizada  uma venda casada?

Abs

Adriano

Citação de: flavio online 29 Janeiro 2014 às 11:04:40


...
E esse negócio de revisão com preço fechado é o maior absurdo, na minha ótica, que uma fábrica pode ter criado. Imaginemos o exemplo que citou, um PO. Vai que abrem o relógio, super bem cuidado toda vida, e notam que ele está absolutamente perfeito, tudo perfeito, tudo mesmo. Trocam-se as juntas por obrigação e... Trocam-se as rodas reversoras, válvula de hélio, etc, sem precisar, só porque a fábrica disse que tem que trocar? Não faz o mínimo sentido isso. Por isso os preços ficam caros.

...


É mais complexo que isso, Flávio. Essas peças têm vida útil, especialmente as peças de vedação. A autorizada tem que dar 2 anos de garantia na revisão geral no Omega. É um tempo considerável e uma junta que já foi usada por 5, 7 anos, pode parecer boa agora, mas tem que continuar boa por pelo menos mais 2 anos da garantia. Vale a pena arriscar? E se eu não trocar, e entrar água, e for mostrador, ponteiros, máquina e tudo mais para o cacete? Quem segura a bronca? O que você está dizendo é como não trocar o óleo do carro depois de 5 ou 10 ou 15 mil km, só porque o óleo ainda parece bom, limpinho. A oficina vai dar garantia de mais 15 mil km, sem trocar esse óleo? Aí você pega a estrada e explode o motor no meio do caminho, comprovadamente por um problema de lubrificação. A oficina arca com um motor novo para o cara? Não seria melhor ter trocado aquele óleo? Não tem diferença para o que estamos falando. Você tem que ser maluco para pegar um Planet Ocean com 5 anos de uso, um relógio resistente a 600 metros de profundidade, revisar, não trocar nenhuma junta, nem coroa nem válvula porque eles parecem bons (e provavelmente parecerão mesmo) e dar garantia de 2 anos para o cara usar como quiser?

Outra coisa: juntas de vidro como as usadas hoje são juntas que se deformam na montagem, elas tem plasticidade, justamente porque sua função é a de segurar o vidro no lugar e vedar também. Uma vez que você monta o vidro, ela já se deformou. Se você vai revisar, tem que polir. Se você vai polir, tem que retirar o vidro. E aí, vai reaproveitar a junta que ficou ali 5, 10, 15 anos, e garantir para o cara que pode usar por mais 2 anos sem xabú, mesmo a 600 metros de profundidade? Não dá.


Abraços!

Adriano

CSM

Eu so mexo meus relógios na WT incousive rolexes, mas sei que quando precisar de peca efetivamente vou ter que morrer na mao da rolex. Tive discutindo sobre isso outro dia.. eu sei que  caso tenha algum problema, (isola) da loja ser assaltada etc, os caras tem seguro (pelo menos espero rsrsrs) e sei que vou ser ressarcido pelo que acontecer. Ou um erro na revisao que prejudique alguma peçao ou algo do tipo. se voce estiver num relojoeiro independente, pequeno vai reclamar com quem com o papa?! Agora uma duvida que me surgiu com relação à minha ultima compra.. faz sentido uma revisao de um AP com hora, minutos, segundos e data custar tao caro? tão mais caro do que um relogio mais barato porém mais complexo? isso é simplesmente por causa das peças que provavelmente serão trocadas? ou pesa também o fato deste relogio especifico só que poder mexer ser o Mauro, pelo treinamento etc?!? quase cai para tras quando soube o valor da revisao rsrsrs... e fiquei com uma duvida tambem, o AP especificamente tem um polimento sem mexer na vedacao que custa um preco, e um mexendo na vedacao que custa uns 70% a mais... isso quer dizer que na mais cara voce tem que trocar as borrachas de vedacao, e na hora que o relojoeiro abrir o relogio ele vai ver se é necessario ou nao?

abracos
Membro do RedBarBrazil

flávio

#33
Adriano, juntas são uma coisa, mas agora uma curiosidade, sério: a válvula de hélio tem durabilidade sem ter sido usada? E as rodas reversoras? Pergunto isso porque, por exemplo, no meu Longines, a impressão que tenho é que possam ter arregado há muito, não tem lógica. Mesmo partindo de corda cheia, se eu deixar o relógio no watch winder por uma semana na velocidade mais acelerada, ele irá perder praticamente toda corda e só aguentar, depois de desligar o aparelho, 10 horas de marcha contínua. Na minha ótica, como disse, na minha ótica, junta é o óleo do carro, como citou, mas válvula de hélio, rodas reversoras, etc? Especificamente nessas peças, qual o motivo da imposição da fábrica pela troca?


Flávio

Adriano

Citação de: Betocd online 29 Janeiro 2014 às 11:07:01
Citação de: Adriano online 29 Janeiro 2014 às 10:46:49


Vou dar um exemplinho básico: pega um Seamaster Chrono Diver, o famoso James Bond Crono, em aço. A Omega adotou a política internacional no Brasil de praticar o preço da revisão fechado com peças básicas inclusas, tipo juntas, coroa, pulsador, se forem de aço, e ponteiros de não forem especiais ou de metal precioso, e também com acrílico ou vidros minerais simples inclusos também. Peças simples de mecanismo, de desgaste natural, inclusas também. O preço da revisão dele inclui junta de vidro, junta de fundo, coroa, válvula de hélio, dois pulsadores, jogo completo de ponteiros, corda, e se necessário, roda inversora e outras pequenas peças de mecanismo. Essas peças custam uma grana, principalmente a válvula, os pulsadores e o jogo de ponteiros.

Abraços!

Adriano

Adriano,
Uma dúvida: e se não houver a necessidade da troca de todas essas peças.... Supondo que nem metade delas precise ser trocada. Ou ainda que eu não queria trocar os ponteiros, por exemplo. Não altera o valor? Eu teria de pagar pelo pacote completo de serviços/peças?

Caso seja isso mesmo, não fica caracterizada  uma venda casada?

Abs

Não é venda casada. Venda casada é quando eu só permito você a comprar um produto e serviço se comprar (e pagar) por outro produto ou serviço junto. Aqui, você não está comprando essas peças, elas não estão sendo vendidas. Essas peças precisam ser trocadas para que a garantia seja dada com segurança para ambos os lados. É raríssimo haver um caso em nem metade dessas peças precisem ser trocadas, e se isso acontecer, sim, poderá ser cobrado um preço diferente. Isso pode acontecer quando por exemplo um relógio comprado há um ano foi acidentado e parou, precisando de revisão. O relógio é obviamente tão novo que realmente não precisará trocar essas peças. Nesse caso ele será enquadrado num serviço parcial o preço será diferente. Não é o preço de uma revisão geral.

Das peças inclusas, a única que você pode optar por não trocar, caso seja tecnicamente possível mantê-la e caso seja justificável por motivos de originalidade e etc., são os ponteiros. Mesmo assim, não há abatimento no preço. Posso sim, negociar um desconto por conta disso, mas abatimento, não. E as outras peças não são opcionais, não há como você escolher em não trocar a coroa, não trocar uma junta... Se for uma restauração e denovo, se a originalidade estiver envolvida, aí é outro caso, mas a tabela é aplicada de maneira diferente também. Aí é caso a caso, é diferente.

Abraços!

Adriano


Adriano

#35
Citação de: flavio online 29 Janeiro 2014 às 11:32:47
Adriano, juntas são uma coisa, mas agora uma curiosidade, sério: a válvula de hélio tem durabilidade sem ter sido usada? E as rodas reversoras? Pergunto isso porque, por exemplo, no meu Longines, a impressão que tenho é que possam ter arregado há muito, não tem lógica. Mesmo partindo de corda cheia, se eu deixar o relógio no watch winder por uma semana na velocidade mais acelerada, ele irá perder praticamente toda corda e só aguentar, depois de desligar o aparelho, 10 horas de marcha contínua. Na minha ótica, como disse, na minha ótica, junta é o óleo do carro, como citou, mas válvula de hélio, rodas reversoras, etc? Especificamente nessas peças, qual o motivo da imposição da fábrica pela troca?


Flávio

A válvula tem uma junta de vedação dentro. Assim como a coroa. É essa junta que veda. No caso da coroa, não há como desmontar e trocar ela. Tem que trocar a coroa toda. A válvula até dá para trocar a vedação, mas não é o procedimento indicado.

Roda reversora, tirando o escapamento, é a peça que mais funciona no relógio. Você conhece o 2892. Aí eu pego e não troco a roda. Dali 6 meses o cliente volta dizendo que não tá carregando. Não é melhor trocar logo, sempre?

Lembrem-se, o preço, políticas, procedimentos, são determinados pelo fabricante. A assistência não tem "culpa", pelo contrário, é autorizada justamente porque segue essas normas. Se não seguir, é descredenciado e ponto final. A maioria das coisas tem explicação baseada na experiência coletada no mundo todo com as manutenções. Outras coisas, não é explicado. Simplesmente é a norma. Em outras palavras, concordemos ou não, temos que seguir.

Abraços!

Adriano

GuilhermeLago

Perdoem-me meter a colher...
Revisões têm que seguir um "script" fechado. É assim em qualquer seguimento da indústria onde se considere o fator qualidade.
Na maioria dos casos não há como apurar com precisão o grau de desgaste ou mesmo o estado do material em revisão. Ou, até, isso seria mais caro do que trocar a peça. A mera inspeção visual, ainda que com o uso de um microscópio, não é capaz de detetar possíveis falhas ou fadiga do material.
Ao voltar da revisão, seu relógio terá um período de garantia - o relógio, e não só as peças que vc trocou. Para oferecer garantia ao relógio, o fabricante tem que ter certeza de que o processo por ele certificado foi cumprido e que todo o conjunto segue as especificações de fábrica.
Agora, por outro lado, o projeto de engenharia poderia ser tal que demonstrasse mais consideração com o consumidor/proprietário - evitando o tal do "não dá prá trocar só a lâmpada, patrão, tem que trocar o farol todo, com lente, corpo e até o motor elétrico de regulagem, Só 5mil..." ou graças a uma borrachinha, só uma coroa nova. Com projetos mais "inteligentes" se poderia simplificar a manutenção barbaramente. Sobre engenharia industrial, obsolescência programada e métodos de escravização de consumidores podemos discutir por muitas horas...

Abraços!

Betocd

Citação de: Adriano online 29 Janeiro 2014 às 11:37:08

Não é venda casada. Venda casada é quando eu só permito você a comprar um produto e serviço se comprar (e pagar) por outro produto ou serviço junto. Aqui, você não está comprando essas peças, elas não estão sendo vendidas. Essas peças precisam ser trocadas para que a garantia seja dada com segurança para ambos os lados. É raríssimo haver um caso em nem metade dessas peças precisem ser trocadas, e se isso acontecer, sim, poderá ser cobrado um preço diferente. Isso pode acontecer quando por exemplo um relógio comprado há um ano foi acidentado e parou, precisando de revisão. O relógio é obviamente tão novo que realmente não precisará trocar essas peças. Nesse caso ele será enquadrado num serviço parcial o preço será diferente. Não é o preço de uma revisão geral.

Das peças inclusas, a única que você pode optar por não trocar, caso seja tecnicamente possível mantê-la e caso seja justificável por motivos de originalidade e etc., são os ponteiros. Mesmo assim, não há abatimento no preço. Posso sim, negociar um desconto por conta disso, mas abatimento, não. E as outras peças não são opcionais, não há como você escolher em não trocar a coroa, não trocar uma junta... Se for uma restauração e denovo, se a originalidade estiver envolvida, aí é outro caso, mas a tabela é aplicada de maneira diferente também. Aí é caso a caso, é diferente.

Abraços!

Adriano


Adriano,
Obrigado pela resposta.
Entendi o seu ponto. Mas algumas coisas não tenho como concordar.

" Aqui, você não está comprando essas peças, elas não estão sendo vendidas"
Elas estão sendo vendidas de forma obrigatória. Não estão estão me dando a opção de não comprar. Quer fazer a revisão? Então vai ter de comprar isso e isso e isso.
É como se eu levasse o carro na concessionária e para trocar o óleo, filtro, etc e fosse obrigado a trocar as lampadas junto. Ué, mas por que? Por que elas podem queimar depois de revisadas.....

Obviamente entendo que tem peças que necessitam ser trocadas. Seriam as equivalente ao óleo e filtro no carro. Mas os ponteiro estarem incluídos obrigatoriamente na revisão? Realmente é sempre , ou quase sempre, necessária a substituição deles?

Vejamos um exemplo plausível (digo plausível por que provavelmente vai acontecer comigo): Comprei um Omega PO Chrono. Com o uso que faço dele imagino que não preciso de revisão pelos próximos 20 anos. Devo usar o relógio umas 48 horas por mês, no máximo. Mas se eu resolver fazer uma revisão, para ter certeza de que ele vai estar 100% ajustado e com o mecanismo limpo, dentro de 5 anos, vou cair nessa tabela "padrão"? E nó máximo vou ter um desconto por não trocar os ponteiros?

Na minha cabeça de cliente LEIGO, seria muito mais compreensível receber um orçamento com valor de mão de obra e com peças obrigatórias e peças recomendadas, mas tudo separado. Exatamente como é a revisão de um automóvel. Eu sou mestre em cortar itens na revisão dos meus carros. Nunca tive um problema por isso.
Ah, mas se der defeito... Bem, vc terá o orçamento autorizado pelo cliente com as peças trocadas. Se der defeito em alguma outra não é responsabilidade de quem fez a revisão.

Por favor não ache que estou  fazendo pouco caso do trabalho, responsabilidade, etc, mas quero ter uma compreensão melhor do ponto de vista de um profissional da área.

Abs,

Roberto

FPiccinin

Betocd, desculpe-me mas acho importante eu relatar uma experiencia pessoal com ponteiros de Omega Speedmaster em 2005 ou 2006 eu enviei o referido relógio para uma revisão completa. Ao buscar os relógio a assistência me informou que ao sacar os ponteiros que no caso do speedmaster são pintados ou algum processo de revestimento similar o mesmo descascou (o relógio já tinha 8 anos de uso) e a AT arcou com o custo dos referidos ponteiros. Na epoca não havia no roteiro da revisão a obrigatoriedade da troca dos ponteiros.
Eu penso que a AT como em qualquer negocio precisa se proteger sobre possíveis perdas ou não há negocio que prospere.
Os custos e despesas de uma AT é muiiiiito superior à um independente é claro isso se traduz em qualidade no serviço entregue, não estou dizendo que o independente não "qualidade", porém, ser treinado na fabrica, manter os equipamentos da oficina em dia custa dinheiro.
Eu não concordo que as peças de reposição sejam vendidas somente à AT, porém, temos que imaginar que o fabricante deve ter motivos para agir desta forma. Por exemplo a Rolex que no Brasil só trabalha com a substituição de peças a base troca. Se identificar a originalidade de Submariner não é fácil, imagine então de um sub falso, porém com mostrador, ponteiros, bezel...originais.

Abraço




Betocd

Citação de: FPiccinin online 29 Janeiro 2014 às 13:22:17
Betocd, desculpe-me mas acho importante eu relatar uma experiencia pessoal com ponteiros de Omega Speedmaster em 2005 ou 2006 eu enviei o referido relógio para uma revisão completa. Ao buscar os relógio a assistência me informou que ao sacar os ponteiros que no caso do speedmaster são pintados ou algum processo de revestimento similar o mesmo descascou (o relógio já tinha 8 anos de uso) e a AT arcou com o custo dos referidos ponteiros. Na epoca não havia no roteiro da revisão a obrigatoriedade da troca dos ponteiros.
Eu penso que a AT como em qualquer negocio precisa se proteger sobre possíveis perdas ou não há negocio que prospere.
Os custos e despesas de uma AT é muiiiiito superior à um independente é claro isso se traduz em qualidade no serviço entregue, não estou dizendo que o independente não "qualidade", porém, ser treinado na fabrica, manter os equipamentos da oficina em dia custa dinheiro.
Eu não concordo que as peças de reposição sejam vendidas somente à AT, porém, temos que imaginar que o fabricante deve ter motivos para agir desta forma. Por exemplo a Rolex que no Brasil só trabalha com a substituição de peças a base troca. Se identificar a originalidade de Submariner não é fácil, imagine então de um sub falso, porém com mostrador, ponteiros, bezel...originais.

Abraço


Piccinin,
Relato super válido. Inclusive essa questão da Rolex, eu não tinha a menor ideia do motivo.

Mas não seria melhor explicar para o cliente todas as variáveis, pedir autorização para fazer determinado tipo de serviço e explicar sobre eventuais problemas que podem surgir?
Pelo menos é assim que procedo no meu negócio (que não tem absolutamente nada a ver com relógios, diga-se de passagem), e é assim que se procede com automóveis (que também não é o meu negócio rsrsrs).
Quem nunca ficou chateado de receber uma ligação falando que ao fazer determinado serviço no carro constatou a necessidade de que alguma outra peça fosse trocada? MAs é melhor do que já receber um orçamento obrigando a trocar as lampadas, os pneus e a barra de direção, pois a mesma já rodou muito e eventualmente pode partir provocando um acidente....

Sobre a venda de peças somente para as autorizadas eu nem comento, pois acho um absurdo sem tamanho, mas é prática comum em alguns mercados.

Estou questionando para entender mesmo a real necessidade desse super pacote. fazendo o papel de chato, mas é para entender.

Abs,

Beto