O cara que deixa uma garrafa de Stolichnaya Elit no criado mudo, tem problema...
Flávio, correto! Tão quanto a cerveja alemã, e o uísque escocês, o bourbon, para ser bourbon, também é definido por regulamentos ou lei. No caso do bourbon, não é exatamente lei, mas uma regulamentação de um órgão específico (tipo um meio equivalente ao nosso Ministério da Agricultura):
- tem que ser produzido de uma mistura de grãos que contenha pelo menos 51% de milho;
- tem que ser envelhecido em barris de carvalho "tostado";
- tem que obedecer um limite máximo de graduação alcóolica (de 80% na destilagem, 62,5% quando vai para o barril e 40% na garrafa);
- e obviamente tem que ser feito nos EUA.
E se ele além de tudo isso for envelhecido por pelo menos dois anos, e for bem puro (sem mistura, nem colorante, nem nada), pode ser chamado de "straight bourbon". E isso pode ser usado no rótulo junto com a idade de envelhecimento (se for envelhecido menos de 4 anos). O Tenessee, por fim, é um "straight bourbon" feito no Tenessee mas não é regulado pelo mesmo órgão, mas sim pela NAFTA (Acordo de livre comércio norte-americano), ou seja, é uma regulamentação mais comercial.
Aí uma curiosidade, que muitos devem saber, outros não: os bourbons são feitos exclusivamente em barris de carvalho novos. É justamente uma das condições que dá à eles a coloração caramelo, além de aroma, e tudo mais. O álcool dissolve boa parte dos extratos da madeira e que viram "tempero" do uísque. Os barris tem seu interior torrado com um maçarico. O motivo? Bem, existem inúmeras versões, até lendas, do motivo disso. Alguns são óbvios, como evitar que solte fiapos de madeira, mas há inúmeros outros.
Pois bem, os barris não são reaproveitados para fazer mais bourbon, mas sim, vendidos depois de usados. Para onde? Principalmente para a Escócia! Sim, o "scotch" é o oposto, não usam barris novos, nunca, mas sim barris americanos usados. Eventualmente, usam barris que foram usados para vinho, brandy (ou cognac), mas normalmente são vendidos em edições especiais, informando justamente que tal scotch foi envelhecido em barris de Jerez, por exemplo.
Isso significa que as destilarias americanas tem uma boa parte de sua renda provenientes da revenda de seus barris usados. É uma relação "win-win".
Abraços!
Adriano