Adriano,
Obrigado pela resposta.
Entendi o seu ponto. Mas algumas coisas não tenho como concordar.
" Aqui, você não está comprando essas peças, elas não estão sendo vendidas"
Elas estão sendo vendidas de forma obrigatória. Não estão estão me dando a opção de não comprar. Quer fazer a revisão? Então vai ter de comprar isso e isso e isso.
É como se eu levasse o carro na concessionária e para trocar o óleo, filtro, etc e fosse obrigado a trocar as lampadas junto. Ué, mas por que? Por que elas podem queimar depois de revisadas.....
Eu não sou da área jurídica, acho mais adequado um advogado responder se isso é ou não venda casada. O importante é: se alguma dessas peças não precisar ser trocada, o preço vai ser o mesmo. Você tem um preço fechado para a revisão. As peças que citei serão trocadas sem custo extra se for necessária sua troca. Se não for, não serão trocadas e não haverá abatimento. Se não for necessária a troca de nenhuma peça, por exemplo, o preço é o mesmo. E se as peças forem necessárias e por alguma razão o cliente bater o pé que não quer trocar de jeito nenhum, o preço será o mesmo e ainda por cima não receberá a garantia contratual de dois anos, mas sim, apenas a legal de 90 dias. Não é possível dar garantia de vedação se o cliente não quiser trocar uma coroa danificada. Se isso tudo é considerado venda casada, não sei, acho que um advogado teria que responder.
Agora, é raríssimo alguma dessas peças não serem trocadas, pois é interesse da assistência em trocá-las, para ter segurança na qualidade do serviço e para obedecer as exigências da marca. Vão pensar que então as peças são aproveitadas sempre que possível para ganhar mais? Não, não vale a pena. O risco de um problema dentro dos dois anos de garantia não vale a pena. E pior, o risco de sofrer uma auditoria relâmpago pela marca e um delegado técnico constatar que as peças não estão sendo trocadas adequadamente, a oficina é descredenciada na hora. Isso é muito, muito mais caro do que querer economizar ao não trocar uma coroa porque ela aparentemente está boa.
Obviamente entendo que tem peças que necessitam ser trocadas. Seriam as equivalente ao óleo e filtro no carro. Mas os ponteiro estarem incluídos obrigatoriamente na revisão? Realmente é sempre , ou quase sempre, necessária a substituição deles?
Vejamos um exemplo plausível (digo plausível por que provavelmente vai acontecer comigo): Comprei um Omega PO Chrono. Com o uso que faço dele imagino que não preciso de revisão pelos próximos 20 anos. Devo usar o relógio umas 48 horas por mês, no máximo. Mas se eu resolver fazer uma revisão, para ter certeza de que ele vai estar 100% ajustado e com o mecanismo limpo, dentro de 5 anos, vou cair nessa tabela "padrão"? E nó máximo vou ter um desconto por não trocar os ponteiros?
Ponteiros são trocados por duas razões: primeiro estética. É muito difícil a remoção dos ponteiros não deixar marcas neles e não deformá-los. Você pode não ver, mas sai do padrão de qualidade estética que a marca exige hoje. Segunda razão, técnica: no caso de cronógrafos, o ponteiro de segundos central é fixado com muita pressão para não escapar ou girar em falso no momento do zeramento. Isso faz com que o ponteiro reaproveitado não tenha a mesma pressão na bucha e possa dar folga, e o crono começa a zerar errado.
Tratando-se desse caso específico, você não tem essa opção de não trocar os ponteiros. Se fosse um relógio vintage, como falei, isso poderia sim ser considerado (sendo tecnicamente possível) mas mesmo assim não haveria abatimento do preço. Poderia sim, receber um desconto a título de bonificação. Mas abatimento, não.
Na minha cabeça de cliente LEIGO, seria muito mais compreensível receber um orçamento com valor de mão de obra e com peças obrigatórias e peças recomendadas, mas tudo separado. Exatamente como é a revisão de um automóvel. Eu sou mestre em cortar itens na revisão dos meus carros. Nunca tive um problema por isso.
Ah, mas se der defeito... Bem, vc terá o orçamento autorizado pelo cliente com as peças trocadas. Se der defeito em alguma outra não é responsabilidade de quem fez a revisão.
Por favor não ache que estou fazendo pouco caso do trabalho, responsabilidade, etc, mas quero ter uma compreensão melhor do ponto de vista de um profissional da área.
Abs,
Roberto
É exatamente assim que você recebe o orçamento de uma autorizada. O fato de estar incluso não significa que não vem discriminado. Nunca foi dito isso (pelo menos, eu não disse). O valor da mão-de-obra, as peças obrigatórias discriminadas, e as peças recomendas ou opcionais. Tudo separado. Apenas as peças cujo valor não é cobrado separadamente aparece com valor "R$ 0,00". Mas tudo é discriminado previamente no orçamento, peça por peça. Se está no orçamento, será trocada. E pode haver peças que não estão no orçamento e serão trocadas ou não, pois pode acontecer do problema só ser detectado no momento do conserto.
Agora entre a marca ou o técnico estipular como obrigatória (com ou sem custo) a troca de uma peça e o consumidor leigo achar que não é obrigatório, aí é uma discussão sem fim. Pode ser uma questão de confiança também, enfim, discussão sem fim.
Abraços!
Adriano